quinta-feira, 21 de agosto de 2008

terça-feira, 19 de agosto de 2008

capoeira afro-brasileira

A capoeira é uma expressão cultural que mistura luta, dança, cultura popular, música. Desenvolvida por escravos africanos trazidos ao Brasil e seus descendentes, é caracterizada por movimentos ágeis e complexos, utilizando os pés, as mãos e elementos ginástico-acrobático. Uma característica que a distingue de outras lutas é o fato de ser acompanhada por música.

A palavra capoeira tem alguns significados, um dos quais refere-se às áreas de mata rasteira do interior do Brasil. Foi sugerido que a capoeira obtivesse o nome a partir dos locais que cercavam as grandes propriedades rurais de base escravocrata.

História

Ver artigo principal: Cronologia da capoeira no Brasil
Jogar Capoeira ou Danse de la guerre de Johann Moritz Rugendas, 1835
Jogar Capoeira ou Danse de la guerre de Johann Moritz Rugendas, 1835

Durante o século XVI, Portugal enviou escravos para a América do Sul, provenientes da África Ocidental. O Brasil foi o maior receptor da migração de escravos, com 42% de todos os escravos enviados através do Atlântico. Os seguintes povos foram os que mais frequentemente eram vendidos no Brasil: grupo sudanês, composto principalmente pelos povos Iorubá e Daomé, o grupo guineo-sudanês dos povos Malesi e Hausa, e o grupo banto (incluindo os kongos, os Kimbundos e os Kasanjes) de Angola, Congo e Moçambique.

Os negros trouxeram consigo para o Novo Mundo as suas tradições culturais e religião. A homogeneização dos povos africanos sob a opressão da escravatura foi o catalisador da capoeira. A capoeira foi desenvolvida pelos escravos do Brasil como forma de resistir aos seus opressores, praticar em segredo a sua arte, transmitir a sua cultura e melhorar o seu moral. Há registros da prática da capoeira nos séculos XVIII e XIX nas cidades de Salvador, Rio de Janeiro, e Recife, porém durante anos a capoeira foi considerada subversiva, sua prática era proibida e duramente reprimida. Devido a essa repressão, a capoeira praticamente se extinguiu no Rio de Janeiro, onde os grupos de capoeiristas eram conhecidos como maltas, e em Recife, onde segundo alguns a capoeira deu origem à dança do frevo, conhecida como o passo.

Em 1932, Mestre Bimba fundou a primeira academia de capoeira do Brasil em Salvador. Mestre Bimba acrescentou movimentos de artes marciais e desenvolveu um treinamento sistemático para a capoeira, estilo que passou a ser conhecido como Regional. Em contraponto, Mestre Pastinha pregava a tradição da capoeira com um jogo matreiro, de disfarce e ludibriação, estilo que passou a ser conhecido como Angola. Da dedicação desses dois grandes mestres, a capoeira deixou de ser marginalizada, e se espalhou da Bahia para todos os estados brasileiros.

[editar] Capoeiristas históricos

Grandes nomes do universo da capoeiragem

[editar] Música

Os berimbaus que regem a capoeira
Os berimbaus que regem a capoeira

A música é um componente fundamental da capoeira. Ela determina o ritmo e o estilo do jogo que é jogado durante a roda de capoeira. A música é composta de instrumentos e de canções, podendo o ritmo variar de acordo com o Toque de Capoeira de bem lento (Angola) a bastante acelerado (São Bento Grande). Muitas canções são na forma de pequenas estrofes intercaladas por um refrão, enquanto outras vêm na forma de longas narrativas (ladainhas). As canções de capoeira têm assuntos dos mais variados. Algumas canções são sobre histórias de capoeiristas famosos, outras podem falar do cotidiano de uma lavadeira. Algumas canções são sobre o que está acontecendo na roda de capoeira, outras sobre a vida ou um amor perdido, e outras ainda são alegres e falam de coisas tolas, cantadas apenas para se divertir. Os capoeiristas mudam o estilo das canções freqüentemente de acordo com o ritmo do berimbau. Desta maneira, é na verdade a música que comanda a capoeira, e não só no ritmo mas também no conteúdo. O toque Cavalaria era usado para avisar os integrantes da roda que a polícia estava chegando; por sua vez, a letra é constantemente usada para passar mensagens para um dos capoeiristas, na maioria das vezes de maneira velada e sutil.

Os instrumentos são tocados numa linha chamada bateria. O principal instrumento é o berimbau , que é feito de um bastão de madeira envergado por um cabo de aço em forma de arco e uma cabaça usada como caixa de reverberação. O berimbau varia de afinação, podendo ser o Berimbau Gunga (mais grave), Médio (médio) e viola (mais agudo). Os outros instrumentos são: pandeiro, atabaque, caxixi e com menos freqüência o ganzá e o agogô.

[editar] Toques de capoeira

Berimbaus. Da Esquerda para direita: Viola, Médio e Gunga ou Berra-Boi
Berimbaus. Da Esquerda para direita: Viola, Médio e Gunga ou Berra-Boi

Os diferentes ritmos utilizados na capoeira, como tocados no berimbau, são conhecidos como toques; estes são alguns dos toques mais comumente utilizados:

[editar] A dança na capoeira

O batuque, maculelê, puxada de rede e samba de roda são danças (manifestações culturais) fortemente ligadas à capoeira.

[editar] Roda de capoeira regional

A roda de capoeira é um círculo de pessoas em que é jogada a capoeira.

Os capoeiristas se perfilam na roda de capoeira batendo palma no ritmo do berimbau e cantando a música enquanto dois capoeiristas jogam capoeira. O jogo entre dois capoeiristas pode terminar ao comando do capoeirista no berimbau (normalmente um capoeirista mais experiente) ou quando algum capoeirista da roda entra entre os dois e inicia um novo jogo com um deles.

O tamanho da roda pode variar de um diâmetro de três metros até diâmetros superiores a dez metros, ao mesmo tempo que pode ter meia dúzia de capoeristas até mais de uma centena deles.

O jogo normalmente se inicia ao pé dos berimbaus. A roda de capoeira pode se realizar em praticamente qualquer lugar, em ambientes fechados ou abertos, sobre o cimento, a terra, a areia, o asfalto, na rua, numa praça, num descampado ou em uma academia.

Para que a roda seja realizada precisamos de uma orquestra de instrumentos. A orquestra dos grupos de angola é normalmente configurada assim: ao centro da orquestra um berimbau berra-boi ou gunga (com a maior cabaça) que faz o som grave, do lado direito um berimbau gunga ou médio (com a cabaça média) que faz um som intermediário, do lado esquerdo um berimbau viola (com a cabaça menor) que faz o som agudo. Ao lado do gunga vão por ordem o atabaque, um pandeiro e um agogô, já ao lado do viola vão: mais um pandeiro e um reco-reco (intrumento comumente feito do bambu).

A roda de capoeira é um microcosmo que reflete o macrocosmo da vida e o mundo que nos cerca. Vários elementos permeiam nossas relações com o mundo e no Jogo de Capoeira estes elementos aparecem de maneira intensa. Respeito, malicia, maldade, responsabilidade, provocação, disputa, liberdade, brincadeira, e poder, entre outros, estão presentes em maior ou menor intensidade durante um jogo, e não há um jogo igual ao outro, mesmo com um mesmo oponente.

Em geral a capoeira não busca destruir o oponente, porém contusões devido a combates mais agressivos não são raras. Entretanto, de maneira geral o capoerista prefere mostrar sua superioridade "marcando" o golpe no oponente sem no entanto completá-lo. Se o seu oponente não pode evitar um ataque lento, não existe razão para utilizar um golpe mais rápido.

A ginga é o movimento básico da capoeira, é um movimento de pernas no ritmo do toque que lembra uma dança, porém capoeristas experientes raramente ficam gingando pois estão constantemente atacando, defendendo, e "floreando" (movimentos acrobáticos). Além da ginga são muito comuns os chutes em rotação, rasteiras, golpes com as mãos, cabeçadas (com o objetivo principal de desequilibrar), esquivas, saltos, mortais, giros apoiados nas mãos e na cabeça, movimentos acrobáticos e de grande elasticidade e movimentos próximos ao solo.

O jogo de capoeira pode durar de poucos segundos, quando há muitos capoeiristas se revezando dentro da roda, até alguns minutos. Combates longos assim são comuns quando dois capoeiristas resolvem confrontar suas habilidades ao máximo, ou mesmo quando os dois resolvem suas diferenças na roda. Em embates longos é comum a volta ao mundo, que é quando um dos capoeiristas solicita uma pausa no jogo dando algumas voltas na roda com o openente o seguindo. Depois duas a três voltas os dois saem ao pé do berimbau para continuar o jogo.

Cada toque requer uma forma diferente de jogar capoeira, a capoeira Angola pede um jogo mais lento perto do solo e com mais "mandinga" (matreiro, sutil, dissimulado), São Bento Grande de Bimba um jogo rápido e de muito chutes em rotação, Iúna um jogo com muitos floreios (movimentos acrobáticos) e assim por diante.

[editar] Estilos de capoeira

Existem muitos tipos de capoeira. Os dois principais são a Capoeira Angola, e a Capoeira Regional.

[editar] Angola

A Angola é o estilo mais próximo de como os negros escravos jogavam a Capoeira. Caracterizada por ser mais lenta, porém rápida, movimentos furtivos executados perto do solo, como em cima, ela enfatiza as tradições da Capoeira, que em sua raiz está ligada ao rituais afro-brasileiros, caracterizado pelo Candomblé, sua música é cadenciada, orgânica e ritualizada, e o correto é estar sempre acompanhada por uma bateria completa de 08 instrumentos.

A designação "Angola" aparece com os negros que vinham para o Brasil oriundos da África, embarcados no Porto de Luanda que, independente de sua origem, eram designados na chegada ao Brasil de "Negros de Angola", vide ABC da Capoeira Angola escrito pelo Mestre Noronha quando ele cita o Centro de Capoeira Angola Conceição da Praia, criado pela nata da capoeiragem baiana no início dos anos 1920. Mestre Pastinha (Vicente Ferrera Pastinha) foi o grande ícone do estilo. Grande defensor da preservação da Capoeira Angola, inaugurou em 23 de fevereiro de 1941 o Centro Esportivo de Capoeira Angola (CECA). Dos ensinamentos do Mestre Pastinha foram formados grandes mestres da capoeiragem Angola, a exemplo dos Mestres: João Pequeno, João Grande, Valdomiro Malvadeza, Albertino da Hora, Raimundo Natividade, Gaguinho Moreno, 45, Pessoa Bá-Bá-Bá, Trovoada, Bola Sete, dentre outros que continuam transmitindo seus conhecimentos para os novos angoleiros, como Mestre Morais.

É comum a primeira vista ver o jogo de Angola como não perigoso ou não elaborado, contudo o jogo Angola se assemelha ao xadrez pela complexidade dos elementos envolvidos. Por ter uma sistemática estruturada em rituais de aprendizado completamente diferentes da Regional, seu domínio é muito mais complicado, envolvendo não só a parte mecânica do jogo mas também características como sutileza, o subterfúgio, a dissimulação, a teatralização, a mandinga e/ou mesmo a brincadeira para superar o oponente. Um jogo de Angola pode ser tão ou mais perigoso do que um jogo de Regional.

[editar] Regional

A capoeira regional foi criada por Mestre Bimba (Manuel dos Reis Machado, 1899-1974)

Bimba criou sequências de ensino e metodizou o ensino de capoeira. Inicialmente, Bimba chamou sua capoeira de "Luta regional baiana", de onde surgiu o nome regional.

Manoel dos Reis Machado, conhecido por ser um habilidoso lutador nos ringues, e inclusive, ser um exímio praticante da capoeira Angola, procurou fazer com que a capoeira tivesse uma maior força como luta e fez isto incorporando a ela novos golpes. Um fato que é conhecido, é de que Bimba teria incorporado golpes do Batuque, uma luta já extinta, que era rica em golpes traumáticos e desequilibrantes. Inclusive, sabe-se que o pai de Mestre Bimba era praticante desta luta.

Há muita discussão também sobre se Bimba teria ou não absorvido golpes de outras lutas, como judô, o jiu-jitsu, a luta livre e o savate, luta de origem francesa, para compor sua capoeira Regional. Entre os velhos mestres, essa é a opinião vigente, mas, apesar disso, eles não acham que este fato seja negativo ou descaracterizador.

A Regional surgiu por volta de 1930. Mas Mestre Bimba se preocupou não só em fazer com que a capoeira fosse reconhecida como luta, ele também criou o primeiro método de ensino da capoeira, as "sequências de ensino" que auxiliavam o aluno a desenvolver os movimentos fundamentais da capoeira.

Em 1932, foi fundada por Mestre Bimba a primeira academia de capoeira registrada oficialmente, em Salvador, com o nome de "Centro de Cultura Física e Capoeira Regional da Bahia".

Das muitas apresentações que Mestre Bimba fez, talvez a mais conhecida tenha sido a ocorrida em 1953, para o então presidente Getúlio Vargas, ocasião em que teria ouvido do presidente: "A capoeira é o único esporte verdadeiramente nacional."

Na academia de Mestre Bimba, a rigorosa disciplina que vigorava determinava três níveis hierárquicos: "calouro", "formado" e "formado especializado". Uma das maiores honras para um discípulo era poder jogar Iúna, isto é, jogar na roda de capoeira ao som do toque denominado Iúna, executado pelo berimbau. O jogo de Iúna tinha a função simbólica de promover a demarcação do grupo dos formados para o grupo dos calouros. A única peculiaridade técnica do jogo de Iúna em relação aos jogos realizados em outros momentos no ritual da roda de capoeira era a obrigatoriedade da aplicação de um golpe ligado no desenrolar do jogo, além do fato de destacar-se pela maior habilidade dos capoeiristas que o executavam. O jogo de Iúna era praticado apenas ao som do berimbau, sem palmas ou outros instrumentos o que reforçava seu caráter solene. Ao final de cada jogo, todos os participantes aplaudiam os capoeiristas que saíam da roda.

A Regional é mais recente, com elementos fortes de artes-marciais em seu jogo. A Regional (Luta Regional Baiana) tornou-se rapidamente popular, levando a Capoeira ao grande público e mudando a imagem do capoeirista tido no Brasil até então como um marginal. Seu jogo é mais rápido, mas também existem jogos mais lentos e compassados. Apesar do que muitos pensam, na capoeira regional não são utilizados saltos mortais, pois um dos fundamentos da capoeira regional, segundo Mestre Bimba é manter no mínimo uma base ao solo (um dos pés ou uma das mãos). O forte da capoeira regional são as quedas, rasteiras, cabeçadas.

Em toques rápidos como São Bento Grande de Bimba se faz um jogo mais rápido, porém sempre com manobras de ataque e defesa (importante ressaltar que todos os golpes devem ter objetivo), mas sempre respeitando o camarada vencido (parar o golpe se perceber que ele machucará o parceiro, mostrando assim sua superioridade e humildade diante do camarada). Ambos os estilos são marcados pelo uso de dissimulação e subterfúgio - a famosa mandinga - e são bastante ativos no chão, sendo frequentes as rasteiras, pontapés, chapas e cabeçadas.

[editar] Golpes e movimentos da capoeira regional

Movimentos da capoeira
Movimentos da capoeira

Embora os nomes dos golpes de capoeira variem de grupo para grupo, alguns dos principais são:

[editar] Graduação

O sistema de graduação varia de grupo para grupo. Nos grupos de capoeira regional ou de capoeira angola e regional, a graduação é normalmente representada pelas cores de cordas ou cordéis amarrados na cintura do jogador.

Existem várias entidades(Ligas, Federações e Confedereções) que tentam organizar a graduação na capoeira. Atualmente a Confederação Brasileira de Capoeira adota o sistema de graduação feito por cordões e seguindo as cores da bandeira brasileira. Temos então a seguinte ordem do iniciante ao mestre:

[editar] Sistema oficial de graduação da CBC

Os cordeis para graduação podem variar de acordo com o grupo de capoeirista.[1]

A- Graduação Infantil (3 a 12 anos)
  • 1º estágio - iniciante: sem corda ou sem cordão
  • 2º estágio - batizado: cinza claro/verde
  • 3º estágio - graduado: cinza claro/amarelo
  • 4º estágio - graduado: cinza claro / azul
  • 5º estágio - intermediário: cinza claro/verde/ amarelo
  • 6º estágio - adiantado: cinza claro / verde / azul
  • 7º estágio - estagiário: cinza claro / amarelo / azul
B- Graduação normal (a partir de 13 anos)
  • 1º estágio - iniciante: sem corda ou cordão
  • 2º estágio - batizado: verde
  • 3º estágio – graduado: amarelo
  • 4º estágio – graduado: azul
  • 5º estágio – intermediário: verde e amarelo
  • 6º estágio – adiantado: verde e azul
  • 7º estágio – estagiário: amarelo e azul
C- Docente de capoeira
  • 8º estágio - Formado: verde, amarelo, azul e branco
  • 9º estágio - Monitor: verde e branco
  • 10º estágio - Instrutor: amarelo e branco
  • 11º estágio - Contra-mestre: azul e branco
  • 12º estágio - Mestre: branco

[editar] Repressão

Decretado por marechal Deodoro da Fonseca o Decreto Lei 487 dizia que: A partir de 11 de Outubro de 1890 todo capoeira pego em flagrante seria desterrado para a Ilha de Fernando de Noronha por um período de dois a seis meses de prisão. Parágrafo único: É considerada circunstância agravante pertencer o capoeira, a alguma banda ou malta, aos chefes impor-se-á a pena em dobro.

Os capoeiristas costumavam usar calças boca de sino e no período em que a capoeira ficou proibida por lei (1890-1937) a polícia, para detectar os capoeiristas, colocava um limão dentro das calças do indivíduo. Se o limão saísse pela boca das calças, a pessoa era considerada capoeirista.

Em 1824, os escravos que fossem pegos praticando capoeira recebiam trezentas chibatadas e eram enviados para a Ilha das Cobras para realizar trabalhos forçados durante três meses.

3 de agosto - Dia do capoeirista

Uma lei estadual de São Paulo de 1985 instituiu o Dia do Capoeirista

[editar] Curiosidades

  • As primeiras Mestras de Capoeira Angola surgem somente no início do século XXI, sendo representadas pelas Mestras Janja e Paulinha, discípulas de Mestre Morais, Cobra Mansa e Joâo Grande e atuais líderes do Grupo Nzinga de Capoeira Angola[1]
  • Mestre Pastinha começou a treinar capoeira por intermédio de um africano que o viu apanhar de um rival em sua infância.
  • Mesmo depois de perder a visão mestre pastinha era temido por quem estava jogando com ele.
  • Foi mestre Pastinha que falou a famosa frase "A capoeira é Mandinga, é manha, é malícia, é tudo o que a boca come"
  • Dos 50 golpes bem aplicados da capoeira que Mestre Bimba ensinou, 22 eram mortais.
  • Em 1930, o famoso caratê não era conhecido na Bahia.
  • Mestre Bimba foi o Capitão da Navegação Baiana.
  • Mestre Bimba teve sua primeira escola de capoeira Angola, em 1918 com apenas 18 anos, obtendo apenas em 1937 o alvará da Academia de Capoeira Regional.
  • Segundo Mestre Noronha, o berimbau em seu tempo, era uma arma maligna e mortal. A verga (o pau do berimbau), era usado como cacetete e a varinha servia para furar os olhos do adversário que tivesse má conduta. Na época em que a capoeira era proibida.
  • Segundo Luis Edmundo, nos fins do século XVIII, no Rio de Janeiro, as aventuras dos capoeiras eram de tal jeito que o governo, através da portaria de 31 de outubro de 1821, estabeleceu castigos corporais e outras medidas de repressão à pratica de capoeira.
  • Na Bahia, de acordo com Manuel Querino, os capoeiristas se distinguiam dos demais negros porque usavam uma argolinha de ouro na orelha, como insígnia de força e valentia, e o nunca esquecido chapéu à banda.
  • Os capoeiristas eram contratados pelos políticos para bagunçar no dia das eleições. Enquanto as pessoas desviavam a atenção para a confusão dos capoeiras um indivíduo colocava um maço de chapas na urna ou na linguagem da época "emprenhava a urna". Vencia as eleições o candidato que dispunha de maior n.º de capoeiras.
  • Milhares de capoeiristas foram para a Guerra do Paraguai, pois havia sido prometida a liberdade no final do conflito àqueles que participassem da batalha.
  • Mestre Bimba é o mestre da capoeira regional.
  • Antes do arame, o "fio" do berimbau era feito de tripas de animais.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

A arte- africana


Nosso grupo aúlico é formado por:Francine Pereira Chaves,Lara Elisa Pires dos Santos e Rosália Caroline Pires Mendes.
Decidimos realizar um trabalho sobre:Culturas Afro-Brasileira
Por que: Achamos legal.
Francine vai pesquisar sobre:Danças,
Lara vai pesquisar sobre:Culinária e
Rosália vai pesquisar sobre:A arte africana.


A arte africana está fortemente ligada aos costumes tribais. Reflete sua consciência de mundo e sua religiosidade, o espírito de seu povo. A partir de materiais como pedra, madeira, ossos, couro, marfim, ferro e bronze, o artista retratava a vida e os valores de sua tribo.

Essa relação da vida com as manifestações artísticas, com as formas de comunicar, foi desestruturada graças as incursões européias em busca de escravos, o que alterou irreversivelmente a estrutura social nativa. O crescimento do comércio de escravos, que perdurou por séculos, provocou guerras contínuas entre Estados Africanos do litoral, que abasteciam os europeus, e as tribos do interior. A constante troca de produtos manufaturados por escravos causou a decadência do artesanato negro-africano. Entre mortos na caçada de escravos e na viagem dos navios negreiros, a África perdeu de 50 a 200 milhões de habitantes, em menos de quatro séculos.

Pouco se sabe sobre a escultura em madeira na África negra, provavelmente por este material ser tão facilmente perecível, entretanto algumas esculturas em terracota, encontradas em Nok, centro da mais antiga tradição da escultura africana, parecem indicar uma influência da escultura em madeira, mais antiga, pois que, a argila sugere uma técnica aditiva e as peças encontradas exibiam a técnica inversa (vai-se desbastando blocos), usada normalmente para se esculpir em madeira.

Algumas características das esculturas de Nok, nordeste da Nigéria, parecem ter influenciado largamente a arte africana até os dias de hoje. Cabeças cilíndricas, grandes em proporção às pernas pequenas, detalhes do vestuário e de penteados, a forma dos olhos e dos lábios salientes. Como em Ifé, outro centro de tradição escultórica africana, percebe-se um esforço por atingir as proporções naturais do corpo humano, em contraponto a uma forte tendência estilizante na representação do rosto humano, onde os olhos e os lábios se projetam protuberantes. Isto talvez esteja ligado a questões rituais de quem acredita que retratar é aprisionar, dominar.

A arqueologia não pode explicar a origem e a difusão da metalurgia na África, uma vez que parece haver uma lacuna entre a Idade da Pedra e a Idade do Ferro. O certo é que nos primeiros séculos da nossa era a metalurgia já era difundida em todo continente africano. Assim, os africanos que vieram para a América como escravos já se encontravam bastante desenvolvidos e, embora não conhecessem a rodo, dominavam a metalurgia e a arte da cerâmica.

Os que vieram para o Brasil pertenciam a dois grupos principais: Os bantos que vinha do sul da África, principalmente de Angola, geralmente eram levados para Pernambuco e Rio de Janeiro; os Sudaneses, que vinham principalmente da Costa do Marfim, em sua maioria desembarcavam na Bahia.

Sua presença contribuiu decisivamente para que a arte brasileira assumisse características próprias e no Barroco brasileiro já se percebem sua influência nos anjos mulatos e madonas negras pintados nas paredes das “igrejas dos brancos”. Outro exemplo podem ser as imagens de Cosme e Damião, que na Europa se tratavam de dois médicos, e que não foram representados juntos senão no Brasil, onde em geral são afixados sobre o mesmo pedestal, tomando a forma de dois irmãos gêmeos, tal qual os Ibeji (gêmeos) do culto africano. Pode-se falar ainda de imagens cujo sexo faz menção à fecundidade na estatuária africana, recobertos por vertes esculpidas ou de tecidos e brocados. Como na África, a arte negra no Brasil está intimamente ligada a idéia da sua cultura, de seu cotidiano e de seu culto religioso, extremamente iconográfica.

Na arte afro-brasileira predominam as esculturas em duas dimensões, talvez por questões de ordem econômica, embora também na África se encontrassem esculturas bidimensionais na representação dos símbolos (ferramentas) dos orixás (deuses e entidades). A bidimensionalidade das esculturas afro-brasileiras parece mesmo uma forma de buscar sua identidade étnica, de diferenciar sua cultura, já que tantos objetos de uso cotidiano se revestem de caráter simbólico.

As esculturas afro-brasileiras trazem ainda muitas características vindas da África, como a posição tradicional de joelhos numa figura perfeitamente equilibrada em torno de um eixo, ou os olhos salientes. Mas já aparecem influências da estética branca. Por exemplo, nos traços fisionômicos, no nariz e na boca, na forma dos seios e no formato da cabeça já mais proporcional em relação ao corpo.

Já a estatuária de Exu tem representações extremamente diversificadas. Ainda na África, duas maneiras de representação são usadas. A primeira trata-se de um monte de barro com uma pequena abertura, que era geralmente colocado a frente das casas. A outra era uma imagem, geralmente esculpida em madeira, de joelhos, braços colados ao corpo, masculina e feminina, que carregava nas mãos duas pequenas cabaças e era guarnecida de uma longa cabeleira recurvada em gancho, usada para pendurar a imagem nos ombros dos religiosos durante o culto.

No Brasil, esta imagem sofre profundas modificações: a cabeleira torna-se vertical e tende a bifurcar-se em dois chifres, mantendo-se a idéia de curvatura numa cauda, que seria acrescida à imagem; as cabaças são substituídas por tridentes carregados por braços já afastados do corpo, que assume uma nova postura, em pé. Assim, a figura de Exu vai assumindo a forma do diabo católico o que poderia demonstrar uma forma sutil de revolta contra a proibição do culto africano.

Como afirmamos no início, a Arte Negra reflete o espírito de um povo. Um povo que não conhecia a roda, mas que usava da siderurgia com habilidade e que dominava a cerâmica e o metal, que fazia arte. O espírito de um povo que, uma vez cativo, buscou manter sua cultura e sua crença usando de artifícios de toda espécie, lutando por sua integridade mesmo atado ao tronco.

É difícil dizer onde e o que é a Arte Afro-Brasileira. Por certo não é somente a arte feita por negros no território brasileiro. Iorubás, Bantus, Nagôs, estão no Brasil misturados a Índios, Europeus, Asiáticos... São parte de nossa cultura, são parte de nós, são parte de nossa arte. A Arte Afro-Brasileira está em toda parte, permeia os templos de umbanda, já miscigenada, com as culturas européia e indígena. Passeia também pelas igrejas barrocas e por toda a arte feita no Brasil, já que estamos todos lado a lado, partilhando de espaços, culturas e crenças que se misturam.

Não temos mais uma arte Afro-Brasileira, Luso-Brasileira, Asio-Brasileira, Nativo-Brasileira... Temos uma arte cheia de faces, de cores, rica em sua cultura miscigenada. Temos uma ARTE BRASILEIRA.


veja o mapa da África no Geographic Guide

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Referências


ÁFRICA. IN: ENCICLOPÉDIA MIRADOR INTERNACIONAL. Melhoramentos. São Paulo, 1979. v.2.

BRASIL: História. IN: ENCICLOPÉDIA MIRADOR INTERNACIONAL. Melhoramentos. São Paulo, 1979. v.4

CUNHA, Mariano Carneiro da. Arte Afro-Brasileira. IN: ZANINI, Walter (org). História Geral da Arte no Brasil. Instituto Walter Moreira Salles. São Paulo, 1983. v.2





Imagens encontradas no site do Banco do Brasil - Exposição de Arte Africana
e no site Out of Africa